BREVES LIÇÕES DE PERCUSSÃO LIBANESA - Vitor Abud Hiar
 
                 

 

 

 

 
 
 
 
 
 

 

 

Existem regras para se construir um solo de percussão árabe ?

 
Não há uma regra específica para se criar um solo de percussão árabe, mas, sim, alguns elementos que servem de subsídios para a sua boa construção. É importante frisar que o solo de tabla pouco evoluiu desde sua criação.
 
O solo considerado clássico vem sendo muito repetido nos trabalhos de diversos músicos percussionistas em todo o mundo. Na analise do solo clássico, podemos observar que uma prática bastante comum é a de se enfeitar duas frases rítmicas seguidas e, ao final, estabelecer um corte, uma aparada.
 
Geralmente os ritmos mais usados como base são o Baladi, o Maqsoun e o Fallahi. É claro que existem solos com combinações rítmicas, dos quais considero perfeito para Dança do Ventre.
 
Eis os principais subsídios básicos para se construir um bonito solo de tabla:
 
1 - Atenção ao compasso rítmico,
Evitar toques fora do compasso, ou seja, que ferem a marcha natural do ritmo.
 
2- Tocar sem afobação,
Tocar rápido não significa tocar bem !
 
3 - Buscar harmonizar os sons dos instrumentos,
Isso não vale apenas para o derbakkista, mas, também, para todos os músicos percussionistas que estiverem tocando em conjunto.
 
4 - Estabelecer uma seqüência lógica ao solo,
É uma evolução gradativa do solo; Importante, até para evitar gerar certa confusão à Bailarina ou espectador.
 
5 - Evitar repetir enfeites várias vezes.
Não tornarmos o solo extremamente monótono.
 
Fica evidente que além destes subsídios, existem outros ainda mais importantes que se relacionam com a maneira de se interpretar os ritmos, através do correto emprego da chamada dinâmica rítmica.
 

 

Toques especiais da Tabla Árabe.

 

A Tabla Árabe é um instrumento extremamente versátil em termos de sonoridade. Nela é possível realizar inúmeros sons, enfeites e repiques variando-se assim de acordo com o desejo de cada percussionista. Para se extrair tais sons, é necessário recorrer a algumas técnicas pertinentes, muitas vezes, à percussão em geral. Vejamos os principais sons e efeitos produzidos na Tabla Árabe:

1 - Repique – O repique é utilizado no embelezamento percussivo como também no início e/ou término de um solo. Utiliza-se em geral os dedos médio e anular de ambas as mãos unidos (técnica básica), batendo-os de forma alternada e rápida nas bordas superiores da Tabla Árabe.

2 - Estouro – O estouro é utilizado muitas vezes como um recurso para acelerar determinado ritmo. Com a mão direita (destros) ou esquerda (canhotos), em forma de cone raso, bate-se no centro da Tabla Árabe produzindo o som.

3 - Estalo – Batida seca e aguda sem vibração da membrana de couro ou nylon. Usa-se a base do polegar da mão direita (destro) ou esquerda (canhoto) para pressionar o centro da Tabla Árabe, batendo-se com a mão esquerda (destros) ou direta (canhotos) na borda da mesma. Movimentando a base do polegar verticalmente sobre a membrana, é possível a obtenção de sons dos mais variados.

4 - Trigêmeo – Espécie de repique no qual utiliza-se os dedos anular, médio e indicador da mão esquerda (destros) ou direita (canhotos), que deverão tocar a borda da Tabla de forma alternada e sempre nesta ordem apresentada (1ºtoque – dedo anular, 2º toque – dedo médio e 3º toque – dedo indicador ) sempre de forma rápida e seqüenciada (técnica comum).

Dessas batidas chaves apresentadas, é possível criar inúmeros enfeites e repiques especiais que poderão ser utilizados nos mais variados tipos de solos. É neste momento que entra a criatividade do percussionista.

 

A notação dos ritmos árabe.

 

Em primeiro lugar vamos procurar entender o que significa a expressão "notação rítmica". Notação é ato de representar um determinado rítmo por meio de símbolos ou caracteres. Não trabalharemos aqui com pautas de percussão, mas, sim, com um sistema mais prático, simples e acessível, sem contudo nos afastarmos do objetivo primordial, que é o de representar graficamente os ritmos árabes buscando sempre aproximar-se ao máximo de sua correta cadência sonora.

É importante ressaltar que nenhuma forma notada ou anotada dos ritmos árabes pode ser considerada cem por cento eficaz, isto, claro, visto aos olhos do sistema de aprendizagem rítmica. Todo ritmo possui uma determinada essência e característica própria, e isto não se é possível passar em uma forma anotada. Deve-se sempre ter em mente que a forma gráfica deve sempre ser interpretada pelo percussionista. É portanto aconselhável ouvir o ritmo para sua perfeita compreensão.

Obseve e memorize o texto chave abaixo:

Texto chave para pessoa destra

Toques

Descrição

Batida forte com a mão direita.

Batida forte com a mão esquerda.

Batida suave com a mão direita.

Batida suave usando a mão esquerda.

Batida aguda e seca usando a mão esquerda.

Estouro usando a mão direita.

DUM

Batida grave no centro da Tabla árabe usando sempre sua mão direita.

Espacos

Pequena pausa entre uma batida e outra

Texto chave para pessoa canhota:

Toques

Descrição

Batida forte com a mão esquerda.

Batida forte com a mão direita.

Batida suave com a mão esquerda.

Batida suave usando a mão direita.

Batida aguda e seca usando a mão direita.

Estouro usando a mão esquerda.

DUM

Batida grave no centro da Tabla árabe usando sempre sua mão esquerda.

Espacos

Pequena pausa entre uma batida e outra

Observe agora a notação gráfica do ritmo Baladi 4/4:

DUM DUM tákáTá DUM tákáTá táká.....

DUM DUM = Duas batidas pausadas no centro da Tabla Árabe.

tákáTá = Sequência de 3 batidas na borda superior da Tabla Árabe, sendo a última batida, mais forte que as anteriores.

DUM = Uma batida no centro da Tabla Árabe.

tákáTá = Sequência de 3 batidas na borda superior da Tabla Árabe, sendo a última batida mais forte que as anteriores.

táká = Sequência de duas batidas suaves na borda superior da Tabla Árabe.

Terminada uma sequência, torna-se a repeti-la dando assim início a uma continuidade rítmica, observe:

DUM DUM tákaTá DUM tákáTá táká DUM DUM tákátá DUM tákáTá táká DUM DUM tákáTá DUM tákáTá .....

Vamos agora, em um segundo exemplo, analisar outro ritmo bastante comum na percussão árabe chamado Malfuf:

DUMkákáTákákáTá

DUM = Uma batida no centro da Tabla Árabe.

kákáTákákáTá = Sequência de seis batidas onde os dois primeiros toques são feitos com a mão esquerda (destro) ou direita (canhoto), e o terceiro usa-se a mão direita (destro) ou esquerda (canhoto). Novamente, no quarto e no quinto toque, usa-se a mão esquerda (destro) ou direta (canhoto) e, no sexto, a mão direita (destro) ou esquerda (canhoto).

Novamente, ao terminar uma sequência, torna-se a repeti-la, dando assim uma continuidade rítmica da seguinte forma:

As Batidas Especiais:

No tópico anterior, analisamos as batidas simples ou comuns da Tabla Árabe, representadas graficamente pelas expressões "tá", "ká", "Tá" e "Ká".

Agora, iremos nos preocupar com as batidas especiais graficamente representadas pelas expressões "TÁ" e "KÁ".

A batida "KÁ" representa o estalo com vibração da membrana, ou seja, toque de som agudo efetuado na borda da Tabla Árabe. É amplamente utilizados na execução de algumas variações rítmicas, como, por exemplo, o Baladi Clássico Egípcio. Observe:

DUM DUM ká KÁ DUM ká KÁ...

Com o dedo indicador ou médio da mão que se executa a batida do "DUM", pressiona-se suavemente o centro da Tabla Árabe. Dessa forma o som, ao se bater na borda do instrumento, será produzido.

A batida "TÁ" é o estouro, já mencionado em tópico anterior. Com a mesma mão que se executa o "DUM", posicionando-se em forma de cone raso, bate-se no centro da Tabla Árabe.

 


 

 

 

 

 

     

 
 
 

WWW.VITORABUDHIAR.COM - Vitor Abud Hiar: WebDesigner: