1 - A DERBAKE
(Tabla ou Darabuka) |
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Considerado o principal instrumento da percussão libanesa no âmbito tradicional, recebe inúmeras denominações no mundo árabe. Derbakke ou Derback ( Líbano, Síria etc..), Tabla ( Egito ) Darbuka ( Turquia ), Tumberleke ( Grécia ) etc...
As Derbakkes tradicionais são feitas em argila queimada ou madeira leve revestidas por pele de peixe ou de cabrito. Sua versão moderna ou contemporânea, possui corpo em alumínio com revestimento de nylon; sua sonoridade é provida de grandes méritos. Vitor Abud Hiar aprecia as Tablas em pele de peixe ou carneiro. No Brasil, a primeira geração de Derbakkes ou Tablas se deu nos anos 70 confeccionadas pelo percussionista Fuad Haidamus (pai da percussão árabe no Brasil ).
A partir dos anos 80, com o advento da globalização, conheceu-se as Derbakkes em alumínio fundido, muito bem recepcionadas pelos músicos brasileiros e de todo o mundo.
É equívoca a afirmação de que as Tablas em cerâmica são instrumentos amadores. O surgimento da versão moderna serviu apenas para suprir certas deficiências de sua versão tradicional, tais como corpo mais resistente a impactos e pele com afinação constante. Devido a grande procura popular pelas derbakes de alumínio e pele artificial, a produção das derbakkes tradicionais em pele de peixe dirimiu significativamente.
2 - O DAFF
(Riq, Req, Pandeiro
Tenor,Tamborim Árabe) |
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O Daff, nome que recebe no Líbano, é um
pequeno pandeiro feito em anel de
madeira e revestido em pele
de peixe ou carneiro. Possui cinco
címbalos duplos
totalizando um conjunto de dez címbalos
que produzem grande sonoridade. Possui
também sua versão moderna em aro de
metal e pele de nylon. No Egito, recebe
a denominação "Riq". Partindo da análise
de sua sonoridade, podemos chamá-lo de
"pandeiro tenor" e a Mazhar, que veremos
mais adiante, de "pandeiro grave".
Há 3 formas de se tocar esse
instrumento:
A- Utilizando todos os címbalos.
B- Utilizando parte dos címbalos.
C- Utilizando apenas a membrana de
couro.
Como bem enfatiza Vitor Abud Hiar, o
Daff tem como principal objetivo
ostentar o ritmo árabe. Na sua
opinião, a versão moderna do Daff não é
vista com bons olhos, uma vez que esta
quebrou, de certa forma, a
tradicionalidade e pureza sonora de sua
versão tradicional. No Brasil, o Daff
somente passou a ser conhecido pelo
público em geral na metade dos anos 80.
Esse instrumento juntamente com Derbakke
e os Snujs, foram os primeiros
instrumentos de percussão árabe a serem
usados por músicos no Brasil. Fuad
Haidamus fora o primeiro percussionsita
a tocar Daff em shows neste país.
3 - A DOHOLLA
(Tabla Grave) |
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Trata-se
de uma Tabla semelhante a Derbake,
porém com dimensões maiores e
sonoridade mais grave.
Esse instrumento, na forma tradicional,
é feito emargila queimada revestido de
pele de peixe ou carneiro.
Já possui sua moderna versão em corpo de
alumínio e revestimento em nylon.
Curiosamente, não existe um tamanho
padrão para a confecção da Doholla; o
certo é que tal instrumento deve ter uma
circunferência bocal superior ( dois
tempos acima ) que a de uma Derbake.
Existem, porém, instrumentos com
circunferência até três tempos acima que
a de uma derbake.
A Doholla é comumente usada como
percussão base tanto na música
egípcia quanto na libanesa. Apesar de
rara até mesmo nos países árabes, a
Doholla de corpo de cerâmica em alta
qualidade e pele de cabra é a mais
indicada para gravações, pois possui
sonoridade nitidamente superior. Já em
shows ao vivo, sua versão moderna
torna-se a mais preferida, justamente
por manter-se sempre afinada
independentemente das condições
climáticas.
Em opinião particular, Vitor Abud Hiar
considera a Doholla em cerâmica e pele
de cabra ideal tanto para gravações
quanto para shows. Não é possível
obtermos, para Vitor Abud Hiar, um
perfeito som aveludado nas Dohollas em
pele de poliéster. A pureza sonora na
marcação rítmica e o "Dum" bastante
profundo mas sem exageros que a pele
natural proporciona, torna a Doholla
tradicional um instrumento cem por cento
indispensável.
No Brasil a primeira Doholla fora
confeccionada por Fuad Haidamus para
Vitor Abud Hiar em meados de 1984, em
argila e pele de cabra.
4 - A MAZHAR
(Pandeiro Grave) |
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Largo pandeiro de sonoridade grave
podendo ou não possuir címbalos,
dependendo de sua versão.Muitos
consideram esse instrumento um Bendir
com címbalos ou um Daff de címbalos. Na
percussão libanesa, é usado como
principal instrumento base da execução
rítmica, sendo tocado comumente entre as
pernas do músico ou na forma
tradicional, empunhando-o em uma das
mãos (principalmente no caso da versão
com címbalos).
Historicamente acredita-se que o Bendir
ou Daff de címbalos tenha sido um
desdobramento de sua versão inicial. Não
há o que se falar em forma modernizada,
nesse caso.
A Mazhar é feita em anel de madeira e
pele grossa de cabra ou gazela (animal,
este, não mais utilizado nos tempos
atuais) . Possui um jogo de 5 címbalos
duplos de bronze com diametro superior
aos címbalos de Daff libanês. Possui
forte sonoridade.
Muitos caracterizam seu corpo como um
"pandeiro de dois andares",
justamente por possuir uma profundidade
acentuada, dando a impressão de que é
formado por dois pandeiros um em cima do
outro. O diâmetro bocal desse
instrumento é duas vezes maior que o
diâmetro de um Daff. Sua versão
modernizada apresenta revestimento em
nylon e anel metálico ou madeira. Vitor
Abud Hiar aprecia a versão em pele de
cabra ou gazela.
A Mazhar
é tocada tanto no Líbano, Egito bem como
em todos os outros países da comunidade
árabe.
No Brasil sua utilização ainda é
bastante remota.
5 - O BENDIR
(Daff, Mazhar, Massar, Tar) |
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Trata-se
de um pandeiro típico utilizado pelos
beduínos ( habitantes do deserto ) no
acompanhamento de suas canções
folclóricas. Possui várias dimensões e
sua sonoridade varia do grave ao agudo.
Seu corpo, tradicionalmente, é feito em
anel de madeira revestido geralmente em
pele de cabrito.
Devido sua pluralidade dimensional, o
músico percussionista deve sempre
possuir um jogo de três pandeiros com
tamanhos e, por consequência, sons
diferentes, ou seja, de circunferência
pequena, média e grande.
Os egípcios o conhecem pelo nome de "Daff"
ou "Duff". É um instrumento não possui
címbalos em seu anel. Recentes pesquisas
mostram que já existe a versão moderna
desse instrumento, confeccionada em anel
de madeira ou plástico resistente e pele
em poliéster (nylon) leitosa.
Apesar de sua versão modernizada ter
chegado a bons níveis de
comercialização, o Bendir tradicional em
pele de cabra de altíssima qualidade
possui ressonância (vibração energética
sonora) infinitamente superior, sendo,
sem dúvida alguma, o mais indicado para
gravações e apresentações ao vivo. É um
importante instrumento de base na
percussão libanesa.
6 - OS SNUJS
(Toura, Sagat, Címbalos para os dedos) |
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Imortalizados
no Brasil pelas mãos de Shahrazad em
suas apresentações de Dança do Ventre,
esses pequeno címbalos para as mãos podem ser
considerados um dos primeiros
instrumentos de percussão da humanidade.
Segundo estudos, foi inicialmente
utilizado por sacerdotisas do antigo
Egito.
Formam um conjunto de platinelas metálicas
presas no polegar e dedo médio de ambas
as mãos. Quando tocados, dão vida e
alegria ao ritmo que está sendo
executado. Na percussão egípcia, esse
instrumento é conhecido como Sagat.
Segundo bem explica Vitor Hiar, os Snujs
acompanham a percussão, e é por isso que
deve ser visto como um instrumento
pessoal, ou seja, do particular (
geralmente de uma bailarina ou de um
espectador que, ao tocá-lo, demonstra
seu entusiasmo ante ao ritmo executado).
No Brasil, Shahrazad foi a grande mestra
no toque dos Snujs na Dança do Ventre.
Basicamente, esse instrumento é confeccionado em três diâmetros distintos, sendo o de menor diâmetro usado por bailarinas de Dança do Ventre, o de diâmetro médio destinado para danças tribais e, o de diâmetro maior (10 cm aproximadamente) - também conhecido como Toura - para uso na música profissional.
Conhecido como o principal instrumento
de percussão de ritmos como o Mambo,
Bolero, Rumba e demais ritmos
caribenhos, este instrumento já faz
parte da percussão árabe há algum tempo.
Por possuir um som agudo e seco, é
utilizado nas orquestras árabes como
marcador de ritmo. Existem Bongos
confeccionados em madeira ( Siam Oak
), alumínio e cerâmica.
A versão tradicional, em pele de cabra
grossa, ainda é a mais utilizada
mundialmente. Segundo estudiosos, esse
instrumento tem sua origem no continente
africano. No Brasil, é chamado de Bongô,
( forma aportuguesada, conforme consta
nos dicionários modernos da língua
portuguesa ). Em Cuba e demais países
caribenhos, recebe denominação sempre no
plural, ou seja, "Los Bongos" ( "bongo"
é o nome individual de cada um dos dois
pequenos tambores interligados).
A Tabl muito se assemelha a Zabumba
nordestina. É freqüente sua utilização
em grandes festivais, principalmente na
execução do ritmo Saaid. A chamam de "baladi"
porque é o instrumento comum tocado nos
vilarejos, nas aldeias árabes principalmente
em dias de festa. No Brasil, a Tabl
Baladi fora imortalizada pelas mãos do
bailarino e percussionista Atef Issa, do
grupo folclórico "Cedro do Líbano".
Técnicas e Estilos Percussivos |
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Como dissemos logo na introdução, cada
instrumento que compõe o rol da
percussão libanesa possui uma técnica
especifica para ser executado. Cabe ao
percussionista, por sua vez, desenvolver
seu próprio estilo baseando-se nos
conhecimentos que adquiriu ao longo dos
anos de aprendizado.
Técnica e estilo são elementos
completamente distintos, porém, um deve
completar o outro por excelência.
Técnica é a maneira, o jeito, a
habilidade material utilizada pelo
percussionista para executar as notas
(batidas) que formarão os ritmos e os
solos percussivos. Já o estilo, por sua
vez, é a forma como o percussionista
expõe sua técnica, sua habilidade. É no
estilo que encontramos a arte da
interpretação e da expressividade
musical. Um percussionista pode
perfeitamente ter técnica e nao possuir
um estilo ainda definido.
É o desempenho do músico na execução de um solo percussivo. Performance e sentimentalismo andam de mãos dadas. Por essa razão, afirma-se que o abuso nos floreios, velocidade e frases, destroem a boa performance, pois a tornam extremamente mecânica e não sentimental. É o "tocar com o coração".