Considerações
sobre a
origem
histórica
da
derbake.
Após inúmeras
mensagens de
amigos
interessados em
saber algo sobre
a origem
histórica do
Derbake, resolvi
lavrar algumas
breves
considerações
sobre tal
assunto,
adotando como
título
" O Vaso Tambor
Árabe".
A primeira
pergunta que
cabe nestas
primeiras
linhas, seria
evidentemente
por qual motivo
não elaborei
um trabalho
semelhante
antes. Bem,
primeiramente é
preciso ter
ciência de que
se trata de um
assunto de
grande
complexidade,
devido as
inúmeras
controvérsias
existentes sobre
duas questões
fundamentais:
o surgimento
histórico
e
a origem do
nome.
Para analisarmos
tal questão, é
inevitável
voltarmos no
tempo muito
antes do período
da História
Antiga.
Voltaremos, sim,
até a Era
Pré-Histórica.
Podemos
afirmar que,
segundo algumas
evidências, o
“vaso tambor”
foi
inventado após o
homem ter
descoberto a
arte da
cerâmica, ou
seja, no
período
Neolítico.
Curiosamente, a
Arqueologia
moderna
descobriu
fragmentos de
cerâmica da era
neolítica do que
seria uma
espécie de vaso
tambor;
evidências
claras de um
provável
protótipo de “derbakke”.
A tese principal
seria que o
primeiro
derbakke fora
moldado no
Egito
antigo.
Possivelmente os
egípcios
aperfeiçoaram o
"vaso tambor" da
era Neolítica,
transformando-o
no derbakke que
conhecemos
atualmente.
Claro que
existem aqueles
que preferem
não arriscar,
afirmando
genericamente
que o derbake
surgira no
Oriente Médio.
Ficamos, aqui,
com a primeira
hipótese citada.
(Foto ao lado:
"Vaso Tambor"
pintado, datado
do perídodo
Neolítico (?) -
bem parecido com
a derbakke que
conhecemos
atualmente).
É evidente que
quando falamos
em percussão
árabe, o povo
egípcio impera
em destaque
primordial. A
prova concreta
dessa
importância está
estampada em
gravuras
encontradas nos
antigos
monumentos
faraônicos.
Vejamos alguns
exemplos:
Foto
à
esquerda:
Mulher
egípcia
ao
centro
tocando
o
que
seria
um
Bendir
(
Daff
para
os
egipcios
)
Foto
à
direita:
deusa
egipcia
tocando
uma
espécie
de
Riq
ou
Bendir |
Os
Fenícios
e as
rotas
comerciais
do
Mediterrâneo
- É
incontestável
a
importância
da
civilização
fenícia
no
desenvolvimento
econômico
e
principalmente
cultural
da
Bacia
do
Mediterrâneo.
Além
de
serem
os
reponsáveis
pela
criação
do
alfabeto
contribuiram,
graças
ao
seu
pioneirismo
naval
de
grande
desenvoltura,
para
com
que
entrassem
na
vida
social
muitos
povos
até
então
considerados
incultos.
Não
seria
de
se
estranhar
que,
ante
todo
esse
acontecimento
de
larga
importância,
a
tabla
egípcia
bem
como
toda
sua
percussão,
tenha
atingido
proporções
internacionais. |
Por outro lado,
não podemos nos
esquecer da
importante
civilização
fenícia. De
certo, o
comércio da
bacia do
Mediterrâneo foi
o principal
fator na
expansão da
percussão
egípcia (árabe)
para todas as
outras nações
dessa região. A
Fenícia ,hoje o
Líbano, foi a
grande
responsável por
tal
expansionismo,
pois, a cidade
de Tyro, antes
da fundação de
Alexandria, fora
o grande empório
do comércio do
mundo. As longas
explorações
marítimas dos
fenícios e as
inúmeras
colônias que se
fundaram em toda
costa da bacia
do mediterrâneo,
permitiram-lhes
uma
importantíssima
permutação de
produtos. Os
navios fenícios
sempre iam às
costas da África
e Àsia em busca
de produtos. A
cidade fenícia
de Sydon,
comercializava
com o Egito,
Chipre, Ásia
Menor e Grécia
(Século XV a.C.)
Se os egípcios
aperfeiçoaram o
"Vaso Tambor" da
era Neolítica e
quase todos os
demais
instrumentos da
percussão árabe,
os fenícios
foram os
principais
responsáveis
pela sua difusão
através das
rotas marítimas
comerciais.
Segundo os
atuais relatos
históricos, os
fenícios
assimilaram as
culturas do
Egito e da
Mesopotâmia e as
estenderam por
todo o
Mediterrâneo.
Hoje, Egito e
Líbano figuram
como as grandes
potências da
percussão árabe
no mundo.
Também não seria
nada correto
esquecermos de
outro dado
significativo,
que foi a
expansão do
Império Otomano
que muito
contribuiu em
levar a cultura
árabe até o
mundo ocidental.
Vale aqui
ressaltarmos que
Darbuka é a
versão turca do
derbake
tradicional em
cerâmica (
existem
controvérsias
sobre o assunto
).
Segundo
estudiosos, tal
versão teria
surgido durante
o apogeu do
Império Otomano
na Idade Média,
período em que a
música teve
grande difusão e
importância.
Podemos afirmar
convictos de que
a Darbuka
influenciou, e
muito, a música
medieval ao lado
de outros
instrumentos
conhecidos,
como, por
exemplo, o
Alaúde. Na
Grécia, o
derbake é
conhecido com a
denominação de
"Tumberleke"
Darabuka
do
período
medieval. |
Dentre os vários
instrumentos que
formavam a
música da Idade
Média, temos o
Alaúde, ( já
citado) a
Rabeca, a Viela
de arco, a
Flauta reta, a
Harpa e, no
âmbito da
percussão, o
Tambor, os
Címbalos para os
dedos e a
Darabuka
Além da Grécia a
darbuka também
influenciou as
músicas de
outros países
europeus como a
Bulgária, a
Albânia e a
Iugoslávia.
As primeiras
Derbakes
brasileiras
comercializadas
foram
produzidas em
cerâmica de
Belém do Pará.
Fuad Haidamus, o
pioneiro, passou
a produzi-las a
partir dos anos
70
respectivamente.
Primeiramente
eram revestidos
em pele de
cabrito e,
posteriormente,
em pele de
peixe.
A segunda
questão de suma
importância que
envolve a
derbakke,
conforme
mencionamos no
início deste
estudo, é a
orígem de sua
denominação.
Surge aqui outra
divergência. Os
egipcios
denominam esse
instrumento como
Tabla ( nome
originário )
porém, com sua
expansão, acabou
recebendo várias
denominações.
Vislumbremos a
título de
curiosidade as
diversas
denominações que
esse instrumento
recebe nos mais
diversificados
países do mundo.
Vejamos, então,
a tabela abaixo:
País |
Denominação |
Afeganistão |
Darbouka |
Albânia |
Darabuke |
Azerbaijão |
Doumbek |
Bulgária |
Doumbek /Darabuka |
Egito e países árabes |
Tabla / Derbakke / Darabuka |
Grécia |
Tumberleke |
Índia |
Tumbaknari |
Malásia |
Gedombak |
Macedônia |
Tarabuka |
Tajiquistão |
Tablak |
Turquia |
Darbuka |
Iugoslávia |
Darbuk |
Brasil |
Derbakke |
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Acredita-se que
o seu nome tenha
advindo da
expressão DARBA
= GOLPE em
árabe. Outros,
porém, acreditam
que tal nome
tenha surgido
graças ao som
duplo que esse
instrumento
possui: DUM = Da
batida grave e
BEK = Da batida
aguda. Cremos
que a junção
desses dois
fatores levaram
ao surgimento de
tal denominação.
A
derbakke e os
demais
instrumentos da
percussão árabe
permaneceram
praticamente
inalterados na
sua forma
estrutural.
Mesmo a partir
dos anos
oitenta, com o
advento das
versões
modernas, a
versão
tradicional da
derbakke
permanece.
Assim, podemos
concluir que
o
histórico "vaso
tambor" do
período
Neolítico, mesmo
em seu aspecto
estrutural
modesto, se
perpetuou pelos
séculos da
humanidade e
ainda se impõe,
de forma
enigmática, como
um grande
desafio a todos
aqueles que
desejarem
dominar sua
técnica.
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