Romeu Féres: Sua importância na evolução
da música árabe no Brasil e no Mundo.
Falaremos neste artigo da real importância
do LP Jóias Árabes de Romeu Féres, que,
apesar de ter sido apresentado na época como
uma feliz adaptação instrumental, tem um
peso enorme na real história evolutiva da
música árabe no Brasil e em todo o mundo.
É importante destacarmos que a obra "Jóias
Árabes" de Romeu Féres não fora apenas o
primeiro LP de canções árabes do Brasil,
mas, também, o primeiro do Mundo Árabe. Como
sabemos disso? Pois bem, tal afirmação fora
feita , na época, pela própria Odeon,
tornando-a clarividente.
Assim está registrado na contracapa do LP
Jóias Árabes, in verbis: "Êste
long-play - primeiro e único na história da
Música Árabe - constitúe, o início de uma
nova éra, um esforço da ODEON no sentido de
registrar para a posteridade as jóias
musicais do Oriente Próximo. E foi um prazer
que pudemos contar com a dedicação e a
assitência de Romeu Féres na seleção dessas
"páginas folclóricas".
É sabido que no período pré-pioneiro muitos
registros em discos de 78 rpm foram gravados
por cantores, amadores ou não, que aqui
estiveram por um período de tempo
(geralmente uma ou duas músicas gravadas de
cada lado do disco). Muitas dessas obras
contiam discursos, marchas, hinos ou
simplesmente meras reproduções de músicas
gravadas nos conhecidos cilindros de cêra
dos antigos fonógrafos inventados por Thomas
Edson ou outras formas de mídia.
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Detalhe: Texto
original da gravadora Odeon
registra a importância da Obra
Discográfica "Jóias Árabes". |
Todos sabiam, contudo, que, implantar a
música árabe no Brasil difundindo-a
profissionalmente, era um trabalho hercúleo
- quase impossível - havendo necessidade de
se romper inúmeros e árduos obstáculos.
Romeu Féres (que era filho de imigrantes),
Fuad Hadamus e Wadih Cury foram os primeiros
a pioneiramente trilharem por tal estrada
(através de apresentações em eventos
públicos oficiais), abrindo caminho para
outros tantos que, juntando-se a eles num
único ideal, fundaram, após um período de
longo trabalho, com o auxílio e colaboração
de empresários membros da comunidade árabe,
a chamada "Sociedade da Arte Árabe
Brasileira", que tinha como objetivo
impulsionar ainda mais a difusão da música
árabe original (e outras tantas artes)
profissionalmente em terrítório brasileiro.
Infelizmente, com o passar dos anos, como já
dissemos em diversos artigos neste site, a
genuína história da música árabe no Brasil
fora perdendo campo para números
anti-históricos. Notadamente, mesmo diante
de tantas provas inequívocas, a importância
do trabalho pioneiro de Romeu Féres para com
a música árabe no Brasil e no mundo ainda
não fora devidamente reconhecida.
Fuad Haidamus e a história
completa sobre a origem das
Tablas Árabes no Brasil. |
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Fuad Haidamus com Darbuka turca. |
Neste artigo, venho comentar em detalhes a
origem das primeiras derbakkes no Brasil,
relembrando importantes pontos sobre a
história do pioneiro Fuad Haidamus.
Conforme narramos no "Tributo a Fuad
Haidamus" - O período Pré-Pioneiro da Música
Árabe no Brasil, muitos músicos de origem
turca e árabe aqui estiveram ( a maioria
amadores ), por vezes a convite feito pela
comunidade árabe ainda em histórica
formação. O Brasil, na verdade, se tornou um
importante refúgio para muitos ante ao
acirramento dos conflitos armados que, nesse
período, acercava Damasco - capital da Síria
- e regiões vizinhas.
Nesse período, destaca-se o
Clube Homs,
fundado em 1920 e responsável por patrocinar
alguns espetáculos de música oriental
destinados exclusivamente a um seleto
auditório.
A "música árabe" no Brasil ainda estaria
numa fase experimental, contendo pontos de
descaracterização (principalmente na
percussão). Curiosamente, se verificarmos
imagens desse período, os percussionistas
que aqui passaram não se apresentavam com
derbakkes originais, mas, sim, versões em
alumínio ou níquel da darbuka - instrumento
tipicamente de origem turca (não árabe), com
cintura afilada e bocal alargado.
Evidentemente, a "música árabe" apresentada
nos clubes, por consequência fática, carecia
de maior originalidade. Uma outra
característica seria a formação desses
músicos no palco, que muito se assemelhava a
um ensemble turco clássico, e não árabe.
A "música árabe" no Brasil ainda estaria
numa fase experimental, contendo pontos de
descaracterização (principalmente na
percussão). Curiosamente, se verificarmos
imagens desse período, os percussionistas
que aqui passaram não se apresentavam com
derbakkes originais, mas, sim, versões em
alumínio ou níquel da darbuka - instrumento
tipicamente de origem turca (não árabe), com
cintura afilada e bocal alargado.
Evidentemente, a "música árabe" apresentada
nos clubes, por consequência fática, carecia
de maior originalidade. Uma outra
característica seria a formação desses
músicos no palco, que muito se assemelhava a
um ensemble turco clássico, e não árabe.
Fuad Haidamus dizia ser raro alguém que
definitivamente soubesse diferenciar a
darbuka turca de uma tabla árabe ou derbakke.
Comentário: "Até mesmo nos dias atuais ainda
persiste essa dificuldade. A Darbuka turca é
um instrumento totalmente diversificado e
com som bastante característico. Havia e
ainda há no Brasil, uma grande incultura
sobre esse assunto, inclusive dentro da
própria Comunidade Árabe".
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Derbake de Fuad Haidamus - 1981 |
Com o avanço de mais alguns anos, a música
árabe começaria a sofrer algumas
modificações. A derbakke, que até então era
utilizada timidamente nas orquestras
tradicionais árabes - no estilo al tarab
- passou a ganhar maior destaque,
principalmente com o advento das
apresentações dançantes de bailarinas
célebres como Nagwa Fouad; floresce o
estilo percussivo "Raks".
Graças a sua inquietude e genialidade, Fuad
Haidamus decidiu utilizar somente derbakkes
em suas apresentações, pois as Darbukas já
não conseguiam proporcionar, ou imitar, o
som legítimo de uma tabla árabe de cerâmica
frente às exigências do novo estilo
percussivo. Contudo, para que o transporte
desse instrumento fosse viável, Fuad
Haidamus desenvolveu um estojo especial e
totalmente inédito - isso, no final dos anos
60 - todo feito em madeira e revestimento
interno de espuma de várias camadas. Este
estojo nos foi dado de presente por seu
próprio criador no ano de 1979.
Assim, Fuad Haidamus passa a ser considerado
o primeiro Derbakkista do Brasil (o legítimo
pioneiro), iniciando ,desta maneira, o
processo de implantação e difusão da
percussão originalmente árabe. Mesmo em
tempos menos remotos, as pessoas ficavam
maravilhadas com o som potente do
instrumento e com sua técnica extremamente
ágil. Como Fuad e Wadih Cury passaram a
tocar nos restaurantes Beer Maza e Porta
Aberta, contempla-se que a genuína música
árabe nasceu oficialmente nos restaurantes
orientais da época.
Com o início dos trabalhos de
Shahrazad
Sharkey, a pioneira da Dança do Ventre
no Brasil, Haidamus desenvolveu também de
forma inédita o solo de derbakke, que fora
especialmente projetado para suas
apresentações de dança do ventre. Por essa
razão que, num período posterior, Haidamus
presenteou Shahrazad com um de seus
instrumentos.
Como Fuad até então possuía apenas um
instrumento, precisou obrigatoriamente criar
um suporte especial de 4 braços reguláveis,
que permitia afiná-lo (com o uso de uma
lâmpada spot - idéia também de Fuad Haidamus)
mesmo em pleno uso. Após a publicação de
imagens da técnica utilizada por Fuad no
Brasil desde 1960, por coincidência ou não,
muitos músicos (nacionais e internacionais)
foram fotografados com derbakkes munidas de
lâmpadas para afinação. O uso da lâmpada
incandescente, ressaltamos, foi uma
idealização do percussionista libanes Jamil
Flewar (mestre de Haidamus).
"Comentário: Em países como Líbano e
Síria, era comum o percussionista levar
consigo dois instrumentos. Enquanto afinava
um instrumento, utilizava o outro. No caso
de Haidamus, tal prática seria impossível".
A produção de Derbakkes, contudo, ocorreu
mais alguns anos depois. Em viagem ao Estado
do Pará, Fuad Haidamus conheceu toda a
atividade ceramista ali praticada.
Considerando tais trabalhos da mesma
qualidade daqueles feitos no Egito,
solicitou que fossem feitas réplicas de seu
instrumento particular. Tais peças,
confeccionadas por Haidamus, foram postas à
venda nas mais importantes lojas de
instrumentos musicais de São Paulo.
A partir desse ponto, a Derbakke,
instrumento e percussão típico do mundo
árabe, começa a ser conhecida e ganhar
adeptos. Em meados de 1990, com o início das
importações feitas por lojas especializadas
da comunidade, Haidamus, já adoentado,
deixou gradativamente tal produção.
É por essa razão que, incontestavelmente,
Fuad Haidamus acumulou durante sua vida
diversos títulos na história da música árabe
no Brasil: "Pioneiro da Percussão Árabe",
"Pai do rítmo e dos tambores árabes ",
"Pioneiro do Solo de Derbakke" e "Pioneiro
do estilo percussivo "Raks"".
Para saber mais sobre a história das
primeiras derbakkes no Brasil, leia o
artigo:
"A História da Percussão Árabe no Brasil: As
primeiras Derbakkes de terracota e seus
grafismos".
Para ver imagens de todos os objetos citados
nesse artigo, visite:
"Tributo a Fuad
Haidamus - O pioneiro da percussão árabe no
Brasil"
Breve resumo sobre Música Árabe
Clássica no Brasil, a "baladi",
a importância da interpretação e
seus maiores expoentes do Mundo
Árabe. |
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A grande intérprete Um
Kulthum -Edward
Arida (1970). |
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Clássico é tudo aquilo que teve seu valor
posto à prova do tempo e, por ser da mais
alta qualidade, se perpetuou. Na música
árabe, clássico é e sempre será nossa maior
escola, ou seja, nosso maior referencial.
É praticamente impossível compreendermos a
música árabe sem, antes, conhecermos mais de
perto sua essência clássica, isso desde os
tempos mais primórdios. Se as primeiras
mídias de música árabe tivessem realmente
surgido no Brasil há 10 ou 20 anos atrás,
teríamos, certamente, uma monumental
deficiência principalmente no que se refere
ao entendimento do "clássico
interpretativo",
e
certo que ficaríamos confinados praticamente
à referências do nosso tempo, não
teríamos base
suficiente para um lapidado aprimoramento de
nossa cultura musical.
Ao contrário do que se tinha conhecimento
até então, a intronização, o conhecimento e
o estudo da música árabe clássica neste País
não é algo tão recente assim. Verificando a
acervo histórico de discos da Família
Haidamus, seguramente um dos mais completos
deste País, é possível encontrar verdadeiras
raridades, com gravações lendárias e
extraordinárias dos maiores compositores e
mestres da interpretação clássica. O acervo
conta com obras comercializadas no Brasil
entre as décadas de 30,40,50,60,70 e 80
IInfelizmente,
o puro clássico da música árabe está se
tornando algo muito raro nas mídias atuais.
Contudo, ainda épossível encontrarmos com um
pouco de facilidade algumas antigas
gravações originais de Abdel Halim Hafez, Um
Kulthum e Farid Al Atrache.
Clássicos orquestrados como as canções
tradicionais Bagdad, Cairo, Rasan, Nahid,
Lybia, Tounis, Nagwa,Souhair, Jordania,
Bairouth, Damasco, e Hazih Leilati, já se
tornaram seguramente grandes relíquias do
mais alto valor histórico. Essas canções
ainda podem ser ouvidas nas mais diversas
rádios clássicas internacionais do mundo
árabe.
Ressaltamos que dentre os nomes artísticos
que citaremos aqui, muitos deles já não mais
são encontrados para realização de pesquisa.
Tratam de músicos e cantores que atuaram
entre as décadas de 1930 a 1950, lapso de
tempo que esta pesquisa irá abranger. Aos
interessados em aprofundar um pouco mais
seus conhecimentos, trazemos de volta
através de um breve resumo parte do puro
clássico da música árabe, gravado na memória
histórica e cultural da Comunidade Árabe no
Brasil.
Seria correto afirmarmos que clássico é o
mesmo que baladi ? Bem, é notório que os
grandes compositores da música árabe
clássica ou tradicional sempre buscaram no
tradidicionalismo regional elementos, dados,
subsídios fundamentais à criação de suas
canções.
Pois bem, se analisarmos mais de perto o
significado que abrange a expressão "baladi",
isso, claro, no âmbito da cultura libanesa,
vamos notar que há consubstaciado no termo
três elementos que juntos ou separadamente,
demonstram claramente seu significado,
vejamos:
Os compositores da música árabe clássica
sempre buscaram abranger e exaltar em quase
todas as suas obras, pelo menos um desses
três elementos que compõem o sentimento da
baladi:
Nossa Aldeia =
é o orgulho de nossa terra natal, dos
costumes tradicionais existentes alí, dos
amores que lá tivemos e deixamos, o desejo
de um dia lá retornarmos etc.. .
Nossa Glória = é o orgulho por nossas
vitórias no campo de batalha, nossas
conquistas bélicas.
Nossa Independência =
é o orgulho de nossa soberania; é o orgulho
da liberdade, do respeito e do
reconhecimento
que conquistamos perante outros povos,
outras etnias em todo o mundo.
Na música libanesa moderna, por sua vez,
diferentemente da música clássica, há de
forma muito clara a influência do movimento
"pop" (música originalmente
anglo-norte-americano), que nada mais é do
que a modernização dos elementos
folclóricos, como no blues, no rock e na
música country. O "pop" reflete nitidamente
o gosto popular típico da cultura urbana
ocidental do século XX.
É por essa razão que, como já dissemos no
início deste trabalho, utilizar somente
referências do nosso tempo para estudo da
música árabe clássica é algo insatisfatório
e, muitas vezes, prejudicial. O "pop",
presente na habitualidade interpretativa de
muitos músicos contemporâneos (modernização,
como dissemos, dos elementos folclóricos),
acaba sempre sendo "respingado" até mesmo na
interpretação de composições clássicas, seja
em maior ou menor grau de intensidade.
Pois bem, quando assistimos às apresentações
de Um Kulthum, célebre cantora egípcia,
podemos claramente notar que sempre se
apresentava com vestimentas de grande
luxuosidade. Muitos me perguntam se estaria
ela, de alguma forma, se distanciando da
simplicidade que abarca o tradicionalismo
regional libanês.
Bem, ocorre que Um Kulthum potencializou ao
máximo o grau interpretativo; sua voz
conseguia facilmente atingir os corações de
todos que a ouviam cantar, gerando, dessa
forma, uma verdadeira ponte entre o passado
e o presente sentimental.
Não era raro, nas milhares de apresentações
que fez, se ver "obrigada" a repetir várias
vezes a mesma canção com a mesma ênfase,
atendendo sempre o clamor de uma platéia
maravilhada e emocionada. Isso, como pode
ser facilmente notado em milhares de vídeos
históricos das maiores cantoras árabes que
se seguiram, acabou se tornando uma
verdadeira tradição, graças a Um Kulthum.
Conhecida como a voz mais bela do Cairo, Um
Kulthum nasceu em 1904 numa pequena aldeia
do sul do Egito. Criou um gênero próprio e
novo de cantar que, posteriormente, passou a
inspirar a grande maiorias das cantoras que
se seguiram. Gravou ao vivo inúmeros
trabalhos tanto em discos de 78 rpm como em
LPs. No Brasil, várias coleções suas foram
lançadas pela Ariphone até o início dos anos
80. Morreu em 1975.
Um outro importante nome da música árabe,
porém menos conhecido, fora o do célebre
compositor e violinista Abboud Abdolhal.
Historicamente, creditam que ele tenha
imortalizado o solo do Violino (Kamanja
Taksim) nas canções. Grande mestre na
interpretação instrumental, transmitia
através de seu instrumento acústico um
sentimentalismo realmente excepcional.
Dentre os trabalhos discográficos de
Abdolhal lançados no Brasil pela Ariphone -
tradicional neste País já na década dos anos
50 - podemos citar o LP "Contos e Melodias
Orientais", que apresenta a música "Racsat
Alhauriat" cuja autoria é também de Abdolhal.
Em toda orquestra árabe, o alaúde é, sem
sombra de dúvidas, um instrumento
imprescindível. Pai do Violão e avô da
Guitarra, como bem nos ensina Prof. Said
Azar, é, depois da voz humana, o instrumento
da mais bela sonoridade. O alaúde
personifica o princípio máximo da
interpretação na esfera musical árabe.
Prof. Elia Baida pode ser seguramente
considerado um dos mais antigos e célebres
cantores e alaudistas da música árabe
clássica. Fora um dos mais talentosos
mestres na interpretação de todos os tempos,
tendo como característica marcante a busca
constante ao baladi puro e sentimentalista.
Deixou repertório de várias músicas
tradicionais, todas em discos de 78 rpm.
Gravou pela Baida Records e Araphon.
Dentre as milhares de músicas interpretadas
por Elia Baida, podemos citar "Kanly Ghazal","Belghadr","Men
Iaum
Fergak" e "Ianas Mali", gravadas pela famosa
Baida Records que, já na década dos anos 50,
era considerada uma marca de grande
tradição. Na atualidade, suas gravações
realizadas são verdadeiras preciosidades da
música árabe clássica.
Outros importantes mestres alaudistas que se
seguiram foram os célebres Profs. Mohamed
Abd-el-Wahab e Farid el-Atrache (citado
anteriomente). Ouvir suas obras é algo de
fundamental importância para todos que
desejarem entender a música árabe na sua
mais pura essência interpretativa e
sentimentalista.
Nascido em 1929, Abdel Halim Hafez é
considerado um dos maiores gênios
compositores de todos os tempos, além de ser
seguramente um dos artistas mais conhecidos
e citados em todo o mundo. Fazia questão de
reger sua própria orquestra durante as
apresentações. Dentre suas mais belas obras
clássicas, citaremos aqui a canção Sawad
que, com uma nova roupagem interpretativa,
passou a ser uma das canções mais
apresentadas em shows de Dança do Ventre em
todo o mundo.
Falaremos rapidamente de uma das mais belas
vozes do Líbano: A cantora Asmahan. Irmã do
Grande Alaudista e Compositor Farid
Al-Atrache, Amal Al- Atrache (nome de
batismo de Asmahan (não podemos confundir
com a Bailarina Asmahan) ) nasceu em 1918 e
morou no Líbano até 1920 respectivamente.
Quatorze anos mais nova que Um Kulthum,
tinha uma voz tão esplendorosa e magnífica
quanto essa. Muitos afirmam que, se Um
Kulthum elevou o canto clássico árabe à
beira da perfeição, a interpretação de
Ashman eriqueceu a música árabe abrindo uma
janela à música do Mundo Ocidental, sem,
contudo, descaracterizar as notórias
diferenças fundamentais existentes entre
esses dois tipos de música.
Asmaham morreu tragicamente em um acidente
de carro durante a 2ª Guerra Mundial,
empreendida entre os serviços secretos no
Cairo.
No Brasil, foram lançados já em LPs alguns
trabalhos de Asmahan pela gravadora Ariphone.
Várias música célebres chegaram até nos
como: Asquiniha Biabi, Nauet Adari, Laita
Lilbarak, Ia Habibi Taala, Farak Ma Bena e
Ia Tiur.
Fica evidente que a Música Árabe Clássica
existiu, influenciou e sempre esteve
presente no âmbito da Comunidade Árabe.
Brasileira desde os tempos mais remotos. Não
é, como muitos pregam, algo que há pouco
tempo estava distante de nossa realidade e
entendimento.
Este trabalho cultural mostra-nos através de
um brevíssimo resumo, parte dessa Memória
Musical e e em que grau fora realmente
plantada neste País.
Muitos trabalharam para que esse fato
pudesse acontecer, e a todas essas pessoas
ficará aqui nossa singela homenagem.
Terminaremos com uma citação feita por um
antigo e conhecido professor alaudista:
"Estudar música árabe clássica é viajar pela
arte da interpretação musical na sua mais
pura e genuína essência".
As doutrinas das grandes escolas
de percussão. |
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Ruínas romanas em Ballbek
(Líbano) - gravura de Edward
Arida. |
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Certa vez, estava conversando com um
derbakkista não brasileiro, e ele me dizia
sobre seus trabalhos e estudos na percussão
árabe. Por curiosidade, perguntei a ele qual
era a filosofia que regia seus estudos de
percussão. Prontamente, me respondeu que sua
filosofia era a melhor possível.
Me disse que era uma pessoa esforçada e que
estudava percussão todos os dias. Essa era
sua filosofia. Bem, creio que esse músico
não tenha entendido bem minha indagação.
Estava me referindo às filosofias
doutrinárias de interpretação e técnica
rítmicas, ensinada nas escolas árabes de
percussão, sendo a CLÁSSICA EGÍPCIA e a
SÍRIO-LIBANESA as principais delas.
Há diferenças entre essas duas escolas ?
Elas são importantes ? Bem, há diferenças
teóricas entre essas duas escolas,
principalmente no que se refere ao melhor
uso das técnicas de percussão e suas
respectivas interpretações no trabalho das
nuanças sonoras. Outra importante diferença
se dá quanto à nomenclatura dada aos
instrumentos percussivos.
Consubstancia-se , também, na linha de
raciocínio que um professor deve seguir para
ensinar seus alunos. Toda a aula será
desenvolvida tendo como base a doutrina
adotada.
É claro que tudo isso se trata de uma
questão complexa pois, por serem escolas
irmãs, ou seja, nascidas de uma mesma fonte
originária, também apresentam claramente
filosofias "semelhantes". O importante é
termos em mente de que não se trata de uma
coisa só.
O princípio de que as peles naturais
produzem melhor qualidade sonora vem da
tradicionalidade egípcia. No Líbano, a
tendência de se estabelecer um certo
modernismo à percussão é bastante acentuada
- uso de peles artificiais em todos os
instrumentos - mas ressaltamos que ainda há
aqueles que preferem manter-se na
tradicionalidade original.
Entre essas duas grandes escolas irmãs,
prefiro particularmente a Clássica Egípcia
justamente por estar envolvida por uma
redoma de complexidade e tradicionalidade. A
escola clássica ou tradicional, trabalha com
elementos que exigem mais do músico,
principalmente no que se refere ao uso do
sentimentalismo interpretativo (opinião
particular). Nenhum músico pode desenvolver
sua técnica sem antes optar por quais
doutrinas seguir.
Quando ensinamos, devemos também seguir os
princípios teóricos de uma dessas duas
importantes escolas. Isso é importante
porque daremos ao aluno base suficiente para
seguir por si só seus estudos, podendo,
inclusive, se corrigir nos casos mais comuns
e, por que não, nos de média complexidade.
Quando isso não acontece, o aluno irá
prosseguir persistindo nos erros, pois não
possui uma boa filosofia de percepção
rítmica. Ele não conseguirá enxergar suas
falhas e, por conseqüência, deixará passar
batido.
A sensibilidade auditiva também é um dos
pontos chaves que devemos saber trabalhar.
Se não temos ainda essa sensibilidade,
ficará muito difícil saber com precisão se
um ritmo está soando bem ou mal. Saber
ensinar como desenvolver essa sensibilidade
também é importante.
As filosofias das escolas árabes nos remete
a um trabalho paralelo à alma de "baladi".
Nos ensina a ouvir e interpretar os ritmos
com o coração, ou seja, com a alma despida
de qualquer formalidade.
O autoditada na percussão
libanesa. |
|
Autodidata é todo aquele que aprende algo
por si, sem o auxílio de um professor. Na
música existem vários autoditadas, ou seja,
músicos que aprendem a tocar instrumento
musical por si só, sem ter auxílio de alguém
mais experiente. No âmbito da percussão
árabe, a situação não podia ser diferente.
Em primeiro lugar, o estudante autoditada
deve estar atendo aos vícios de percussão,
ou seja, não fazer o "Dum"(batida grave) com
o polegar ou com a mão errada, apoiar o
instrumento sobre as duas pernas etc.
Superada essa primeira problemática, o
autodidata se deparará mais um segundo
obstáculo que, em opinião particular, é o
mais complexo de todos.
Como no Brasil o acesso à vídeos de
orquestras árabes é bastante difícil, muitos
percussionistas autodidatas estudam
"ouvindo" apenas solos de derbakke em cds e
fitas de áudio. Como não há uma orientação
mais precisa, o estudante tenta reproduzir
no instrumento aquilo que ouviu no cd sem se
preocupar com a técnica correta para a sua
perfeita realização ( é importante ressaltar
que, muitas vezes, o próprio enfeite gravado
no cd é uma mera simulação da técnica
profissional).
O autodidata começa a criar simulações de
enfeites, execuções rítmicas, repiques etc,
o que acaba contaminando toda sua qualidade
técnica. Nenhum enfeite ou repique usado em
um solo de tabla é feito por acaso. Há
sempre uma técnica que está em consonância
com a sua dinâmica sonora. Mas por que isso
é importante ? Bem, eu posso passar dez,
vinte anos realizando- simulando- um
determinado enfeite que ouvi em uma música
e, depois de todo esse tempo, ter de
aprender tudo novamente.
O importante termos em mente que nenhuma
simulação de enfeite soará bem e
corretamente, por mais parecida que possa
ser ao enfeite produzido na técnica correta.
O autoditada, portanto, deve estar atento a
todos esses pontos e buscar "todos" os meio
possíveis para se aperfeiçoar ( vídeos
(antigos), workshops, consultas, cd's etc )
prestando atenção na dinâmica e nas nuanças
empregadas.
O compasso e as combinações
rítmicas na percussão libanesa. |
|
Muitas pessoas possuem dificuldades de
compreender os ritmos árabes devido sua
eminente complexidade. Se observarmos
cuidadosamente cada ritmo, vamos observar
que cada um possui um verdadeiro leque de
variantes.
Devemos ter
consciência que além dessas variações,
existe a possibilidade de se inserir no
ritmo determinada improvisação. Logicamente
isso só deve ser feito se o percussionista
tiver boa familiarização com o ritmo que
está executando.
Outro dado de extrema importância que não
posso deixar de aludir, é o que se refere ao
que chamo de encaixe de ritmos, ou seja,
quando se executar um solo que possua vários
ritmos, o percussionista deve se preocupar
com a continuidade rítmica, com o encaixe de
um ritmo no outro. Isso se faz geralmente
através da tabla ou derbake.
Esses encaixes rítmicos são feitos
geralmente através de uma improvisação do
próprio percussionista, e assim, o que antes
era um solo dividido em ritmos distintos, se
torna um bela melodia rítmica. Os encaixes
rítmicos são denominados também de
combinações rítmicas.
Ao se executar um solo, deve-se evitar
permanecer em um único ritmo base por muito
tempo, principalmente se o solo está sendo
executado para apresentações de bailarinas.
A variação rítmica proporciona para quem
dança a possibilidade de mostrar seus
conhecimentos e habilidades na arte. Essa
pluralidade rítmica deverá ser reduzida nos
casos de apresentações de várias bailarinas
em apresentações coreografadas.
Deve-se evitar o abuso dos repiques ou
enfeites. Eles devem ser inseridos no
momento certo. O abuso nos repiques pode
gerar certa confusão rítmica para quem dança
ou até mesmo para que acompanha em outro
instrumento de percussão. Devemos tocar
sempre com o sentimento.
Podemos assim enumerar os seguintes
elementos que um percussionista deve ter em
mente:
a- Evitar a monotonia de um único ritmo (
duplicidade ou pluralidade rítmica) b- Estabelecer o encaixe rítmico c- Evitar abusos nos enfeites ou repiques d- Deixar fluir os sentimentos nos solos
executados.
Compasso é a medida de tempo em uma música e
em casos de enfeites e paradas deve se
prestar atenção para não sair desse tempo.
Se um percussionista desejar realizar um
solo sob ritmos rápidos é só diminuir esse
intervalo de tempo, agora caso desejar
ritmos lentos, aumente esse intervalo.
Assim , em considerações finais, é
fundamental que cada percussionista deixe
potencializar seu estilo próprio. Alguns são
simples e agressivos, outro complexos.
Descubra o seu estilo.
Taqsim Tabla e a arte da Dança
do Ventre. |
|
O que cabe a um Percussionista explanar
sobre Dança do Ventre ? Bem, essa é uma
questão bastante complexapois se de um lado
ele não está apto a falar sobre questões
técnicas referentes a dança em si, do outro
é detentor e conhecedor do principal
subsídio que dará à Bailarina condições de
se apresentar em um show, qual seja, o ritmo
e suas variações. Há, portanto, um lado
negativo e positivo em questão.
A importância do conhecimento de um
percussionista para a Dança do Ventre
remonta no Brasil desde tempos passados. Na
década dos anos 70, antes do início dos
ensinamentos de Shahrazad Sharkey, a arte
técnica da Dança do Ventre era totalmente
desconhecida. As vestimentas usadas na época
eram improvisadas pelas própria Bailarinas
(a luxuosidade das vestimentas para as
apresentações de Dança do Ventre hoje
utilizadas no Brasil, seguem o estilo
Shahrazad). Na época, Fuad Haidamus, que já
ostentava o título de maior derbakista do
Brasil, fornecia algumas "dicas" para as
Bailarinas que iriam se apresentar, tentando
com seu conhecimento em percussão ajudar da
melhor maneira possível.
Mas quais dicas eram essas ? Em que Haidamus
se baseava para poder ajudar as Bailarinas
da época ? Bem, para chegarmos a uma
resposta viável, há necessidade de um
raciocínio lógico e mais minucioso.
Sabemos que Taqsim Tabla é o ato de
improvisar na Derbakke (Tabla) sem uma
percussão base ( falamos aqui do solo livre
). Não há regras para a criação de um Taqsim
Tabla, porém, há alguns subsídios
importantes dos quais o percussionista deve
respeitar.
É certo que o conhecido modelo usado no solo
de Tabla clássico (apresentado por Haidamus
no Brasil) usando floreados sempre em
números pares, ou seja, duas repetições e um
corte, ou quatro repetições e um corte é um
método reconhecidamente utilizado em larga
escala por músicos do mundo inteiro.
Muitas Bailarias consideram um grande
desafio dançar um Taqsim Tabla, uma vez que
técnica de dança e percepção rítmica se
consubstanciam intrinsecamente.
Há vários ensinamentos que, na tentativa de
amenizar ou, então, solucionar tal
problemática, analisam estruturas de solos,
elencam os ritmos mais usados etc.. . Digo
que isso ajuda, mas, muito pouco. É claro
que não dá para se descobrir precisamente o
que se passa na mentalidade do
Percussionista que está atuando no momento.
Fuad Haidamus, quando praticamente
"reinventou" o Taqsim Tabla no Brasil,
apresentou uma arte que se resumia em dois
elementos principais: Raciocínio e técnica.
No solo improvisado de derbakke não existe
reflexo ( Todo toque está diretamente ligado
a um raciocínio prévio do músico ). No
Brasil, a mesma técnica clássica usada por
Haidamus na década dos anos 70, é copiada
por quase todos os músicos da atualidade.
Pois bem, já devemos ter notado que a grande
maioria das Bailarias que dançam solos de
Taqsim Tabla, geralmente, se apresentam ao
lado de um mesmo músico percussionista (
fato que ocorre mundialmente ). Ora, não é
raro de se ver Percussionistas e Bailarinas
de Dança do Ventre casarem - se e
trabalharem juntos. Por que isso ocorre ?
Quando uma Bailarina dança uma improvisação
de solo de Tabla, ela precisa
necessariamente "perceber" de forma ágil o
que o Percussionista vai apresentar - jogar
- na seqüência de seu solo improvisado. Se o
reflexo é utilizado ou não na Dança do
Ventre, essa é uma resposta que foge
totalmente de nossa alçada.
(O
músico percussionista ao realizar um solo de
Taqsim, trabalha mente e técnica, ou seja,
ele pensa e ao mesmo tempo age (toca).
Quando um percussionista erra uma seqüência,
significa que a sua técnica não está em
sintonia com seu raciocínio ou, então,
vice-versa. É preciso, assim, "treinar"
melhor essa relação).
Improvisar na Derbakke não é tocar quatro ou
cinco tipos de ritmos em uma sequência
combinando-os. É "criar" enfeites e
variações tendo como subsídio esses ritmos.
Se uma Bailarina apresenta-se várias vezes
ao lado de um mesmo Percussionista, ela
consegue alargar essa percepção, uma vez que
já conhece "as manias" daquele específico
músico, ou seja, a forma que ele toca e
quais floreados e enfeites gosta
exageradamente de usar ( daí a expressão
"mania" utilizada ). O reconhecimento,
nesses casos, se torna bem mais fácil e, por
conseqüência, mais rápido.
As manias percussivas ou rítmicas são, na
verdade, os elementos pelos quais o músico
irá gerar sua fórmula particular - estilo
particular - que, evidentemente, será
utilizada na criação de todos os seus solos,
sejam eles improvisados ou não.
Todos os enfeites por mais diversificados
que possam ser terão algo familiar, ou seja,
pertencerão a uma mesma fórmula, a uma única
técnica e estilo. É essa fórmula particular
que a Bailarina precisa conhecer e absorver.
Cada percussionista tem um gosto exagerado
por determinados enfeites e ritmos e , com
absoluta certeza, deixara fluir em todos os
solos improvisados. O ritmo mais preferido e
usado como subsídio nos solos de
improvisação é, evidentemente, o Maqsoum e
suas demais ramificações rítmicas.
A Bailarina precisa sempre ter em mente que
apesar da improvisação na Tabla ser
infinitamente livre, todo percussionista tem
um hábito, um costume, um gosto
exageradamente próprio (manias), e sempre,
sempre irá colocá-lo no topo central de sua
improvisação.
É evidente que a improvisação "infinitamente
livre" deve ser realizada com um certo
cuidado, respeitando "sempre" o campo das
variações rítmicas exclusivamente árabes. Em
opinião particular, é um grande erro
jogarmos um samba no meio de um solo de
derbakke. Condeno também misturar outros
ritmos como a Salsa, o Merengue, Ritmos
Flamencos (muito na moda ) etc.. . O solo de
Taqsim Tabla deve ser mantido na sua
tradicionalidade e originalidade rítmica.
Aqui cabe ainda uma outra importante
questão. É certo que desde a sua primeira
apresentação ( Hammouda (Egito) e Haidamus
(Brasil), o solo de Tabla pouco evoluiu. Mas
o que essa informação tem de importante para
uma Bailarina de Dança do Ventre ? Bem, se o
solo de tabla pouco evoluiu, significa que a
grande maioria dos percussionistas árabes
possuem uma certa uniformidade técnica, o
que muito facilita os estudos tanto para
bailarinas ( percepção rítmica ), quanto
para músicos iniciantes, intermediários e
avançados ( percepção e técnica correta para
executar tal ritmo ).
É importante dizer que essa uniformidade
técnica também pode ser compreendida ou
interpretada como a existência imperativa de
fórmulas parecidas. Geralmente, um músico
pode ter fórmula parecida, semelhante com a
de outro na construção de seus solos, mas,
nunca essas fórmulas serão iguais,
idênticas. A técnica de um artista pode ser
parecida com a de a outro, mas nunca igual (
Um escultor pode esculpir semelhantemente,
mas nunca igual ao grande Michelangelo ).
Dessa maneira, uma Bailarina precisa
necessariamente conhecer e registrar as
técnicas mais comuns usadas pelos mais
diversos mestres de tabla, e, munidas dessas
informações, tentar, em um primeiro momento,
perceber as manias do músico com quem vai se
apresentar.
Não pergunte o que ele vai apresentar, mas,
sim, do que ele mais gosta de apresentar (
rítmos, variações, tipos de floreados etc..
). Fuad Haidamus dizia à Bailarina o que ele
mais gostava de tocar e nunca o que ele iria
tocar, pois, se assim fizesse, não haveria
taqsim tabla, uma vez que ocorreu uma quebra
na liberdade da improvisação.
É evidente que, para tanto, alguns ensaios
deverão ser realizados obrigatoriamente.
Lembremos ainda que quanto mais registro de
técnicas de percussão uma Bailarina tiver,
mais rápido e fácil será identificar fórmula
usada pelo músico, sempre, claro, pelo
caminho mais curto, que é através da
percepção primária de seus gostos mais
comuns.
Manias percussivas ou rítmicas: Gosto
exageradamente particular que cada
percussionista tem em relação a um conjunto
de ritmos e floreados técnicos ( É o que ele
acha mais bonito ). Resultam no conjunto de
elementos pelos quais o músico criará seu
método particular - fórmula particular -
pelo qual irá desenvolver todos seus solos.
Fórmula, técnica e estilo: Métodos usados
pelo percussionista para criar seus solos.
Uniformidade técnica e estilo: Certa
semelhança no jeito de se executar solos de
taksim Tabla.
Fórmulas parecidas (imperatividade): Devido
ao pouco desenvolvimento da arte do Tabla
Solo, os métodos usados pelos músicos se
tornaram obrigatoriamente análogos.
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